terça-feira, 15 de dezembro de 2009

As ferramentas de publicação na Internet

Ao longo de toda esta acção de formação temos aprendido e reflectido sobre todo um leque de possibilidades que o uso das novas tecnologias nos proporciona enquanto profissionais do ensino. Fui apresentada ao mundo das ferramentas de publicação na Internet: os blogues, os wikis e os eportefólios. Tinha ouvido sobre todas elas e até já tinha consultado alguns sobre assuntos do meu interesse, mas, para dizer a verdade, nunca tinha pensado seriamente em todas as vantagens que estas ferramentas podem trazer para a minha sala de aula e, até, para fora dela.

O facto do professor sugerir a elaboração de um blogue vai, decerto, aproxima-lo dos alunos, os quais se identificam imenso com o mundo dos computadores e da Internet, onde passam uma parte significativa do seu tempo. Deste modo, os alunos estarão a estudar e a desenvolver todo um conjunto de competências, sem que isso tenha o "peso" de uma qualquer outra actividade de cariz mais formal. Do mesmo modo poderão continuar a desenvolver esta tarefa extra-aula,em casa, por exemplo, levando-os a dedicar mais tempo ao estudo, o que é sempre positivo.

Também podemos considerar a possibilidade de levar a cabo um blogue de turma, para o qual todos os elementos podem contribuir para uma actividade colectiva. No entanto, todos os elementos desse grupo, bem como o professor, podem dar o seu contributo para o trabalho individual de cada um dos alunos, seja através de sugestões,críticas ou informação adicional.

Outra ferramenta de publicação na Internet de grande interesse para o processo de ensino-aprendizagem é o wiki. Este permite a elaboração de, por exemplo,actividades de grupo, logo, de carácter colaborativo, pois possibilita uma actualização constante por parte de qualquer elemento do grupo de trabalho, a qualquer hora e em qualquer lugar. Este tipo de actividade é passível de desenvolver no aluno todo um conjunto de competências que serão uma mais-valia para o seu futuro profissional, seja a capacidade de trabalhar em equipa, partilhando informação, conhecimentos e opiniões, seja a capacidade de negociação.

Outra vantagem reside na motivação extra que representa a possibilidade desse trabalho ser divulgado e, posteriormente, conhecido e comentado por qualquer internauta em qualquer parte do mundo. Desta forma, será possível, por exemplo, obter todo um conjunto de novas visões sobre o tema abordado. Também os pais e encarregados de educação terão a possibilidade de acompanhar as actividades do seu filho/ educando, de forma fácil e rápida e em tempo útil, algo impensável num passado ainda bastante recente.

O eportefólio é outra ferramenta de grande valor pedagógico actualmente ao nosso dispor. Com recurso a esta ferramenta o aluno pode construir uma base de dados pessoal, onde deposita todo o conjunto de trabalhos que, segundo ele, melhor evidencia o seu percurso de aprendizagem, colocando o enfoque, não tanto no resultado final obtido, mas, acima de tudo, em todo o trajecto realizado. A consulta do eportefólio do aluno, permite ao professor acompanhar e avaliar o progresso e desempenho do discente através do registo das tarefas desenvolvidas, das dificuldades encontradas e ultrapassadas, ou não, e dos objectivos atingidos.

Com o uso de todas estas ferramentas, o trabalho de professor e dos alunos resulta mais motivador, mais eficaz, talvez, até, mais fácil. Mas nem tudo são rosas e também podemos apontar alguns problemas na sua utilização mais generalizada, como o tempo e a disponibilidade requerida por parte do professor que, por norma, tem um número de alunos demasiado elevado e um infindável rol de tarefas burocráticas a realizar, obrigando-o a distrair-se do que é realmente importante: ensinar e acompanhar os seus alunos. Outro obstáculo poderá ser o facto dos meios informáticos nem sempre estarem ao dispor permanente dos alunos.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Aprender: passado e presente

Quando todos nós éramos adolescentes, a palavra "computador" era algo que ficava no domínio da ficção científica, sendo uma realidade longínqua e inatingível. O nosso processo de aprendizagem era algo de bastante passivo, centralizado no papel do professor, o grande e unico motor que liderava todas as actividades dentro da sala de aula. E quem não se lembra de todas aquelas longas horas passadas nas bibliotecas a consultar inúmeros livros, sem que, muitas vezes, conseguíssemos encontrar a informação que procuravamos e era essencial para a elaboração do nosso trabalho? A seguir vinha a elaboração do trabalho, propriamente dito. Lembram-se de todo o tempo passado a teclar naquelas máquinas de escrever, barulhentas, lentas e de toda a fita correctora dispendida? Não consigo evitar um rasgado sorriso ao lembrar-me destes tempos!

Mas com o passar do tempo tudo mudou e tem vindo a mudar a um ritmo alucinante, principalmente nos últimos anos e no que diz respeito aos recursos tecnológicos isso é particularmente verdadeiro. Os computadores, a Internet e todos os recursos a eles associados vieram mudar a nossa percepção do mundo, a maneira como trabalhamos, socializamos, passamos o nosso tempo livre (embora este seja cada vez mais uma miragem :-()e, claro está, a maneira como aprendemos e ensinamos.

A partir do momento em que se generalizou o uso dos computadores e da Internet nas actividades dentro e fora da sala de aula, os papeis, tanto do professor como do aluno, sofreram grandes alterações. Presentemente os jovens têm um papel muito mais activo no seu processo de aprendizagem, tornando-se muito mais autónomos, podendo envolver-se num vasto conjunto de tarefas "por conta própria", principalmente fora dos tempos lectivos, em casa ou em qualquer outro lugar. Com o acesso facilitado ao uso de computador e à Internet, os jovens podem envolver-se em actividades que vão tentando desenvolver, podendo ser imediatamente bem sucedidos, mas, se não o forem, podem voltar a tentar até conseguirem. Para isso podem contar com o apoio online do professor e dos colegas que podem sempre dar o seu feedback ou colaborar com nova informação que tenham disponível. Promove-se, assim o estudo cooperativo, algo difícil de realizar num passado ainda bastante recente.

No que concerne à elaboração de trabalhos de grupo ou individuais, o uso das novas tecnologias representam uma mais-valia importante, que os nossos alunos consideram como algo adquirido, sem as quais não conseguiriam trabalhar. De facto, estas tarefas são, agora, bastante mais fáceis de levar a cabo e os resultados são bastante mais atractivos. As longas horas passadas na biblioteca, deram lugar a alguns minutos passados confortavelmente no quarto (no jardim ou no café ali perto) a pesquisar informação que se encontra, apenas, a um click de distancia, informação essa que pode vir acompanhada de fotografias, som, vídeos, gráficos e mapas, tudo isto contribuindo para uma melhor e mais clara percepção da mensagem. Do mesmo modo, a própria elaboração do trabalho torna-se mais motivante, tendo em conta todo aquele vasto conjunto de recursos que o aluno tem à sua disposição e que lhe proporcionam a possibilidade de apresentar o "produto final" de forma mais clara, motivadora, e atraente.

No entanto, e apesar de todos os recursos postos à disposição dos nossos jovens para lhes facilitar o trabalho, muitas vezes fica bastante claro que essas ferramentas não são suficientemente aproveitadas pelos alunos em seu próprio benefício. Apesar de toda a tecnologia, falta, muitas vezes, a elementar vontade de aprender...

sábado, 5 de dezembro de 2009

Na aula com... Shakespeare e Dickens

Neste novo post gostaria de partilhar convosco uma experiência que levei a cabo no ano lectivo de 2007/2008 com uma turma do décimo primeiro ano do curso de Artes Visuais, experiência esta que me deixou bastante satisfeita com o feedback que obtive dos alunos.

Tratava-se de uma turma de dezasseis alunos, com um domínio bastante razoável da língua inglesa e, como seria de esperar, bastante criativos e com vontade de experimentar coisas novas. Pensei, então, sobre o que poderia fazer de novo, que os pudesse motivar e que, ao mesmo tempo, se relacionasse com algum domínio das artes, e com o Inglês. E porque não pegar em dois expoentes máximos da literatura inglesa, William Shakespeare e Charles Dickens, e dá-los a conhecer a estes alunos? Claro que todos já tinham ouvido falar nestes dois grandes escritores Ingleses, mas a experiência já me tinha ensinado que os jovens pouco ou nada sabem sobre estes grandes nomes da literatura ou sobre as épocas em que viveram. Decidi, então, planificar e elaborar materiais para duas aulas, cada uma dedicada a um destes autores.

Comecei por seleccionar a informação mais relevante e que, no fim, pudesse facultar aos alunos um conjunto de conhecimentos fundamentais sobre as vidas e obras dos autores, bem como os contextos socio-históricos inerentes às suas criações. Para isso, elaborei dois "quizzes", os quais permitiam aos alunos testar os seus conhecimentos sobre estas temáticas,bem como adquirir novos conhecimentos. Uma segunda actividade consistia na leitura e análise não exaustiva de textos dos referidos escritores.

Quando informei os alunos sobre as actividades que iríamos desenvolver naquelas duas aulas, devo admitir , que não foram muito positivas, pois os alunos tinham aquela ideia preconcebida de que uma aula sobre literatura iria ser, decerto, "uma grande seca". Expliquei-lhes que tudo dependeria da abordagem que fosse feita, e que, a minha intenção, era proporcionar-lhes uma aula descontraída, em que até iríamos falar sobre e ler, por exemplo, um soneto de Shakespeare, de uma forma aligeirada e algo informal, esperando que, no fim, pudessem concluir que a leitura de obras literárias pode ser uma actividade motivadora, interessante, bastante construtiva e, no fundo, um prazer.

Na primeira das duas aulas previstas, para além do "quiz" sobre a vida e obra de Shakespeare, escolhi o conhecido soneto “Shall I Compare Thee to a Summer's Day?”, o qual foi declamado, e até com algum entusiasmo, por dois alunos que se voluntariaram para tal. Seguidamente analisámos o vocabulário, o conteúdo, assim como alguns aspectos formais do texto.

Já na segunda aula, dedicada a Charles Dickens, os alunos também responderam a um "quiz" e, seguidamente, passamos à leitura do extracto do capítulo V de "Hard Times", em que o autor descreve "Coketown". Desta feita procedemos a uma análise superfícial do conteúdo do texto e, tendo em conta que se tratava de uma turma do curso de Artes Visuais, solicitei-lhes que desenhassem ou pintassem uma imagem de Coketown, tendo em conta a sua interpretação do texto, o que foi realizado em casa. Devo dizer que os resultados desta actividade tiveram tanto de inesperado como de interessante. Os diferentes alunos retrataram Coketown de maneiras muito diversas, utilizando materiais e técnicas diferenciadas, mas com resultados surpreendentes, que deixaram bem claro a facto de um mesmo texto poder dar origem a interpretações tão distintas e contrastantes.

Tendo em conta as reacções que fui constatando ao longo das actividades realizadas nestas duas aulas, posso concluir que a resistência inicial deu lugar a uma nova perspectiva da parte dos alunos em relação à literatura. Penso que lhes consegui provar que a leitura de clássicos da literatura não tem de ser difícil e entediante, mas que, pelo contrário, pode ser bastante interessante e um verdadeiro prazer.

Depois desta experiência, só posso lamentar o facto de nós, professores, nos encontrarmos tão limitados e espartilhados por um sistema que nos obriga a correr contra o tempo para, por vezes sabe-se lá como, cumprirmos um programa que é demasiado longo, com temas demasiado abrangentes e complexos, não nos deixando tempo para levarmos a cabo actividades alternativas, o que, decerto, resultaria bastante mais motivador, tanto para docentes, como para discentes.

sábado, 7 de novembro de 2009

Blogues: as novas tecnologias ao serviço do ensino.

Num mundo globalizado, em que as tecnologias da informação possuem um papel cada vez mais relevante e decisivo, torna-se premente aprender a utilizar e a tirar todo o partido destes novos recursos em todas as áreas e desde a mais tenra idade. Presentemente existem no mercado variados computadores e "softwares" especialmente concebidos, por exemplo, para crianças de três anos, e outros, com características completamente distintas, para idosos. No entanto, tanto uns como os outros, têm em comum o facto de irem ao encontro das expectativas, das capacidades, limitações e necessidades, sempre com o objectivo de pôr à disposição de todos os meios mais eficazes e motivadores, capazes do optimizar, por exemplo, as aprendizagens.

Se usamos as novas tecnologias da informação quando nos divertimos, quando trabalhamos, quando comunicamos, nada parece fazer mais sentido do que usa-las, da mesma forma, quando pretendemos ensinar e aprender.

Depois de ter lido os documentos postos à nossa disposição e depois de ver o vídeo, tornou-se bem claro para mim que os blogues, enquanto ferramentas educativas, podem constituir um recurso vantajoso e, acima de tudo, muito motivador a ser usado nas nossas aulas de Inglês, uma vez que as suas potencialidades são bastante vastas, permitindo ao professor e alunos estarem permanentemente em contacto.

O blogue é, na sua essência, uma ferramenta construtiva, permitindo aos que nele colaboram, a possibilidade de comunicar e trocar ideias, organizar dados obtidos (por exemplo, através de várias pesquisas realizadas) reflectir sobre os conteúdos registados, criar e recriar em permanência, colaborar nos projectos de outros "bloggers", ao mesmo tempo que permite que outros colaborem nos nossos e partilhar saberes e experiências. Deste modo, permite ao aluno ser mais activo e "mais sujeito" no seu próprio processo de aprendizagem, tornando-o mais autónomo e responsável, competências estas que serão de grande valor no seu futuro enquanto profissional.

Em contexto de sala de aula, a utilização de um blogue no processo de elaboração de, por exemplo, um trabalho de projecto, dá a possibilidade ao aluno de registar todos os passos dados ao longo do desenvolvimento do seu trabalho, bem como os resultados ou conclusões a que chegou. Ao fazer isso pode, por um lado,
partilhar todos estes dados com várias pessoas tal como colegas de turma, professor, comunidade escolar ou, até, com "bloggers" espalhados por todo o mundo e, ao mesmo tempo, vai recebendo os mais variados "feedbacks" que lhe permitirão melhorar ou actualizar o seu trabalho em permanência, podendo, assim, aprender com os outros e adicionar novos conhecimentos/dados aqueles já existentes. Ao contrário, nos tradicionais trabalhos realizados em papel para entregar ao professor, só este terá acesso ao seu conteúdo e será o único a emitir um "feedback", o que é bastante limitador e pouco construtivo para o aluno, o qual, na maioria das vezes não tem uma segunda oportunidade para rever e melhorar o seu trabalho.

Para além de tudo o que foi já exposto, o blogue pode ser utilizado pelo professor para, por um lado, dar instruções quanto ao que se pretende do trabalho, das fases por que deve passar, a data limite de conclusão, por outro para orientar o trabalho do(s) aluno(s) ao longo de todo o processo. Este tipo de informação tem a grande vantagem de estar sempre à disposição do aluno a qualquer altura e em qualquer lugar, tendo este, também, a possibilidade de contar com o apoio do professor mesmo depois das actividades lectivas diárias terem terminado. Para além de tudo isto, por exemplo um blogue de turma pode ser um meio de comunicação de excelência entre o professor e os encarregados de educação, partindo do principio que todos devem de utilizar esta ferramenta com moderação, bom senso e respeito.

Este ultimo ponto leva-nos ao "lado mais obscuro" do blogue, enquanto ferramenta educativa. Infelizmente todos nós sabemos que nem todos respeitam o trabalho dos outros, apostando muitas vezes na crítica destrutiva e até humilhante por razões mesquinhas. Isto pode ter um impacto bastante negativo na auto-estima e auto-confiança dos jovens, levando-os à recusa de tornar publico o seu trabalho. Cabe ao professor, numa situação deste teor, interpelar o "agressor" no sentido de lhe mostrar que a sua atitude não é aceitável e não se deve repetir, podendo até ser impedido de participar no projecto, caso insista nesse padrão de comportamento. Por outro lado, podemos argumentar, enquanto avaliadores, que este tipo de actividade que tem como objectivo a melhoria da expressão escrita, só nos permite avaliar esta competência, bem como a compreensão de enunciados escritos. Isto seria problemático se fossem estas as unicas actividades a serem desenvolvidas durante o ano lectivo, mas a verdade é que a criação de blogues será sempre apenas uma das muitas actividades a serem desenvolvidas, e essas incluirão, de certo, aquelas que desenvolverão e nos permitirão avaliar todas as outras competências.

Tendo tomado consciência das imensas potencialidades e vantagens do uso do blogue como ferramenta educativa, gostaria de desenvolver uma actividade de, por exemplo, escrita colaborativa, em que cada aluno teria a possibilidade de acrescentar desde uma frase, no caso de alunos dos níveis de iniciação, um parágrafo ou até um pequeno capítulo, no caso dos alunos dos níveis mais avançados a um início de texto, talvez uma história de ficção. No meu entender, esta actividade seria potencialmente motivadora, permitindo aos alunos desenvolver a sua criatividade e imaginação, uma vez que, de acordo com a minha experiência pessoal, estas competências estão cada vez menos desenvolvidas nos jovens, penso que por culpa do jogos de computador e dos brinquedos que fazem tudo e nada deixam à imaginação. Espero poder pôr este projecto em curso ainda no decorrer deste ano lectivo, escolhendo uma turma que, de acordo com as suas características, melhor possa corresponder a esta solicitação. Será uma espécie de "projecto piloto". Wish me luck!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

História, literatura e cinema

Há quase um ano atrás, numa tarde chuvosa de domingo, decidi ir ao cinema com a família sem ter qualquer ideia do filme que iria ver. Chegados ao cinema, reparei que estava em exibição Duas Irmãs, um Rei (The Other Boleyn Girl, no título original). Escolhi de imediato este filme quando me apercebi do que se tratava (sempre tive um especial interesse pelo período Tudor desde o tempo da Faculdade) e da qualidade do elenco. Scarlett Johanson é a doce e leal Mary Boleyn; Natalie Portman dá corpo á calculista e ambiciosa Ann Boleyn; o australiano Eric Bana desempenha o papel do poderoso mas manipulável Henry VIII e Kristin Scott Thomas é Elizabeth Boleyn, a sofrida mãe que vê dois dos seus filhos serem decapitados, acusados de alta traição, como resultado da complexa teia de interesses e intrigas que a família Boleyn concebeu ao longo de anos de demanda do poder.

Talvez pelo facto de não ter quaisquer expectativas em relação ao filme, pois nada tinha ouvido sobre ele, fiquei agradavelmente surpreendida pela qualidade da trama, pelo desempenho dos actores, pelos cenários, pelo guarda-roupa… Fiquei especialmente impressionada pelo retrato desenhado da sociedade Inglesa do século XVI. Trata-se de uma sociedade onde se estabelece uma complexa e cruel teia de relações em nome da ambição, da glória efémera e da riqueza fácil e onde os filhos das famílias nobres, em especial as mulheres, são tratados como meros objectos de troca na contínua disputa pela riqueza e influencia.

Apercebi-me que o guião do filme tinha sido inspirado na obra homónima de uma escritora britânica, da qual eu nada tinha ouvido. Nesse momento ler a obra original tinha-se tornado uma necessidade para mim. Dirigi-me a uma livraria e lá estava a tal obra de Philippa Gregory. Levei-a para casa e comecei a lê-la nesse mesmo dia. Devo dizer que a leitura das obras desta escritora é viciante, tal é a fluidez e a envolvência do seu discurso. Quanto mais lia, mais queria ler. É só mais esta página. Já agora leio até ao fim do capítulo. E assim ficava a ler até demasiado tarde.

Depois de Duas Irmãs, Um Rei, li O Amante da Rainha (The Virgin’s Lover), Catarina de Aragão (The Constante Princess) e ainda A Outra Rainha (The Other Queen). Conto ainda ler mais algumas, pois a obra desta escritora é bastante vasta e variada.

Talvez importe agora falar um pouco de Philippa Gregory. Philippa frequentou várias universidades britânicas, doutorou-se em literatura do século XVIII, mas a sua grande paixão é o período Tudor e o século XVI. Escreveu para várias publicações e guiões para séries de televisão. É ainda a autora de variados romances históricos, sendo The Other Boleyn Girl o mais aclamado. Esta obra foi publicada em 2002, tendo ganho o prémio Parker Romantic Novel of the Year nesse mesmo ano. Em 2003 foi adaptado à televisão pela BBC e ao cinema em 2008.